quinta-feira, 21 de novembro de 2013

América foi povoada por dois grupos, mostra DNA

O DNA de um menino da Sibéria, que morreu aos três ou quatro anos de idade, na fase mais severa da Era do Gelo, pode ser uma das pistas mais importantes para entender como o ser humano colonizou as Américas.

Segundo os cientistas que "leram" seu genoma, o garoto tem semelhanças genéticas tanto com europeus quanto com os indígenas atuais.
E a recíproca é verdadeira. Os pesquisadores calculam que a antiga população à qual o menino pertencia seria responsável por algo entre 15% e 40% da herança genética dos índios. Esse povo misterioso teria se misturado a outro, oriundo do leste da Ásia, para dar origem aos habitantes do continente americano.
Há décadas alguns antropólogos argumentam que o povoamento da América pode ter envolvido dois grupos geneticamente distintos.
Uma das vozes mais importantes desse grupo é o brasileiro Walter Neves, do Laboratório de Estudos Evolutivos Humanos da USP. O principal indício desse fato é a variedade no formato dos crânios dos mais antigos americanos, os paleoíndios --o exemplo mais famoso é "Luzia", fóssil achado em Minas Gerais, com mais de 11 mil anos.
Editoria de arte/Folhapress
SEGUNDA LEVA
Neves e seus colaboradores afirmam que o crânio de Luzia e de outros paleoíndios lembra mais o de aborígines australianos, melanésios e africanos do que o da maioria dos índios atuais, normalmente comparados a grupos do nordeste da Ásia.
A ideia é que a maioria dos ancestrais dos índios modernos teria integrado uma segunda leva migratória, que teria exterminado os paleoíndios ou se misturado a eles.
"Nossos achados não apoiam diretamente o trabalho dos brasileiros", disse Eske Willerslev, biólogo do Museu de História Natural da Dinamarca que coordenou o estudo, publicado na "Nature". "Parte do material genético da criança tem afinidades com grupos do sul da Ásia [região de origem dos paleoíndios, segundo Neves]. Então o artigo se alinha parcialmente à ideia deles."
Neves reagiu com cautela e ironia aos achados. "Eu podia estar comemorando, dizendo 'olha, finalmente alguém fala de herança dual'. Mas vai depender da estabilidade dos trabalhos deles. Se os achados desse tipo continuarem, vou poder dizer que estive certo por 25 anos."
MISTURA
Seria o caso, então, de pensar nos índios atuais como uma mistura de europeus com asiáticos? Não exatamente. Europeus e asiáticos dessa época eram bem diferentes dos de hoje. Eles estavam mais próximos de um padrão genético e morfológico "genérico", resultado da expansão inicial dos humanos modernos da África para o resto do mundo, diz Fabrício Santos, geneticista da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).
"Características mongólicas [a "cara" asiática de alguns índios atuais] teriam sido adquiridas mais tarde a partir de populações do leste asiático", afirma Santos.
Rolando González-José, biólogo do Centro Nacional Patagônico, na Argentina, diz que nem é necessário postular duas "ondas" de migração para entender os dados do genoma do novo estudo.
Ele argumenta que é mais natural pensar que a população "genérica" à qual pertencia o menino teria se diferenciado cada vez mais ao se expandir para os quatro cantos da Ásia e das Américas.


América foi povoada por dois grupos, mostra DNA

O DNA de um menino da Sibéria, que morreu aos três ou quatro anos de idade, na fase mais severa da Era do Gelo, pode ser uma das pistas mais importantes para entender como o ser humano colonizou as Américas.

Segundo os cientistas que "leram" seu genoma, o garoto tem semelhanças genéticas tanto com europeus quanto com os indígenas atuais.
E a recíproca é verdadeira. Os pesquisadores calculam que a antiga população à qual o menino pertencia seria responsável por algo entre 15% e 40% da herança genética dos índios. Esse povo misterioso teria se misturado a outro, oriundo do leste da Ásia, para dar origem aos habitantes do continente americano.
Há décadas alguns antropólogos argumentam que o povoamento da América pode ter envolvido dois grupos geneticamente distintos.
Uma das vozes mais importantes desse grupo é o brasileiro Walter Neves, do Laboratório de Estudos Evolutivos Humanos da USP. O principal indício desse fato é a variedade no formato dos crânios dos mais antigos americanos, os paleoíndios --o exemplo mais famoso é "Luzia", fóssil achado em Minas Gerais, com mais de 11 mil anos.
Editoria de arte/Folhapress
SEGUNDA LEVA
Neves e seus colaboradores afirmam que o crânio de Luzia e de outros paleoíndios lembra mais o de aborígines australianos, melanésios e africanos do que o da maioria dos índios atuais, normalmente comparados a grupos do nordeste da Ásia.
A ideia é que a maioria dos ancestrais dos índios modernos teria integrado uma segunda leva migratória, que teria exterminado os paleoíndios ou se misturado a eles.
"Nossos achados não apoiam diretamente o trabalho dos brasileiros", disse Eske Willerslev, biólogo do Museu de História Natural da Dinamarca que coordenou o estudo, publicado na "Nature". "Parte do material genético da criança tem afinidades com grupos do sul da Ásia [região de origem dos paleoíndios, segundo Neves]. Então o artigo se alinha parcialmente à ideia deles."
Neves reagiu com cautela e ironia aos achados. "Eu podia estar comemorando, dizendo 'olha, finalmente alguém fala de herança dual'. Mas vai depender da estabilidade dos trabalhos deles. Se os achados desse tipo continuarem, vou poder dizer que estive certo por 25 anos."
MISTURA
Seria o caso, então, de pensar nos índios atuais como uma mistura de europeus com asiáticos? Não exatamente. Europeus e asiáticos dessa época eram bem diferentes dos de hoje. Eles estavam mais próximos de um padrão genético e morfológico "genérico", resultado da expansão inicial dos humanos modernos da África para o resto do mundo, diz Fabrício Santos, geneticista da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).
"Características mongólicas [a "cara" asiática de alguns índios atuais] teriam sido adquiridas mais tarde a partir de populações do leste asiático", afirma Santos.
Rolando González-José, biólogo do Centro Nacional Patagônico, na Argentina, diz que nem é necessário postular duas "ondas" de migração para entender os dados do genoma do novo estudo.
Ele argumenta que é mais natural pensar que a população "genérica" à qual pertencia o menino teria se diferenciado cada vez mais ao se expandir para os quatro cantos da Ásia e das Américas.

América foi povoada por dois grupos, mostra DNA

O DNA de um menino da Sibéria, que morreu aos três ou quatro anos de idade, na fase mais severa da Era do Gelo, pode ser uma das pistas mais importantes para entender como o ser humano colonizou as Américas.

Segundo os cientistas que "leram" seu genoma, o garoto tem semelhanças genéticas tanto com europeus quanto com os indígenas atuais.
E a recíproca é verdadeira. Os pesquisadores calculam que a antiga população à qual o menino pertencia seria responsável por algo entre 15% e 40% da herança genética dos índios. Esse povo misterioso teria se misturado a outro, oriundo do leste da Ásia, para dar origem aos habitantes do continente americano.
Há décadas alguns antropólogos argumentam que o povoamento da América pode ter envolvido dois grupos geneticamente distintos.
Uma das vozes mais importantes desse grupo é o brasileiro Walter Neves, do Laboratório de Estudos Evolutivos Humanos da USP. O principal indício desse fato é a variedade no formato dos crânios dos mais antigos americanos, os paleoíndios --o exemplo mais famoso é "Luzia", fóssil achado em Minas Gerais, com mais de 11 mil anos.
Editoria de arte/Folhapress
SEGUNDA LEVA
Neves e seus colaboradores afirmam que o crânio de Luzia e de outros paleoíndios lembra mais o de aborígines australianos, melanésios e africanos do que o da maioria dos índios atuais, normalmente comparados a grupos do nordeste da Ásia.
A ideia é que a maioria dos ancestrais dos índios modernos teria integrado uma segunda leva migratória, que teria exterminado os paleoíndios ou se misturado a eles.
"Nossos achados não apoiam diretamente o trabalho dos brasileiros", disse Eske Willerslev, biólogo do Museu de História Natural da Dinamarca que coordenou o estudo, publicado na "Nature". "Parte do material genético da criança tem afinidades com grupos do sul da Ásia [região de origem dos paleoíndios, segundo Neves]. Então o artigo se alinha parcialmente à ideia deles."
Neves reagiu com cautela e ironia aos achados. "Eu podia estar comemorando, dizendo 'olha, finalmente alguém fala de herança dual'. Mas vai depender da estabilidade dos trabalhos deles. Se os achados desse tipo continuarem, vou poder dizer que estive certo por 25 anos."
MISTURA
Seria o caso, então, de pensar nos índios atuais como uma mistura de europeus com asiáticos? Não exatamente. Europeus e asiáticos dessa época eram bem diferentes dos de hoje. Eles estavam mais próximos de um padrão genético e morfológico "genérico", resultado da expansão inicial dos humanos modernos da África para o resto do mundo, diz Fabrício Santos, geneticista da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).
"Características mongólicas [a "cara" asiática de alguns índios atuais] teriam sido adquiridas mais tarde a partir de populações do leste asiático", afirma Santos.
Rolando González-José, biólogo do Centro Nacional Patagônico, na Argentina, diz que nem é necessário postular duas "ondas" de migração para entender os dados do genoma do novo estudo.
Ele argumenta que é mais natural pensar que a população "genérica" à qual pertencia o menino teria se diferenciado cada vez mais ao se expandir para os quatro cantos da Ásia e das Américas.

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Agricultores geram energia com fezes de animais em parceria com Itaipu

Pequenos agricultores do oeste do Paraná estão gerando energia com dejetos de animais, como porcos e bois. O projeto é patrocinado pela Itaipu Binacional, que administra a usina hidrelétrica na fronteira entre Brasil e Paraguai.
Conhecido como "gás verde", por ter pouco impacto no ambiente, o biogás é uma alternativa mais barata de energia que pode ser gerada em qualquer parte do país.
Uma experiência de sucesso no Brasil vem sendo realizada na cidade de Marechal Cândido Rondon (a 578 km de Curitiba).
Em um condomínio com 33 pequenos produtores rurais, dejetos de porcos e bois são transferidos para biodigestores, para extração do gás metano.
Os biodigestores estão conectados por 22 quilômetros de gasoduto a uma central termelétrica, que abastece com energia as propriedades rurais.
A matéria orgânica residual do biodigestor é transformada em um biofertilizante de alta qualidade, segundo o superintendente de Energias Renováveis da Itaipu Binacional, Cícero Bley.
A empresa patrocina estudos sobre biogás no Brasil e já investiu R$ 12 milhões nos últimos seis anos.
"Quem tem o biogás descobre um poço de petróleo no quintal de casa. Porém, o Brasil está muito atrasado e ainda joga muita energia fora", disse.

Agricultores poderão vender energia

No futuro, toda a energia que for produzida pelos pequenos agricultores do oeste paranaense e não for utilizada poderá ser vendida para a distribuidora de energia do Estado.
"Esse exemplo pode ser replicado em qualquer região do país. Porém, é preciso apoio governamental para o desenvolvimento desse mercado", afirmou Bley.
O biogás é uma fonte de energia renovável permanente, e já possui exemplos de sucesso na Europa. Somente na Alemanha, existem cerca de 6.000 pequenas usinas desse tipo.

Centro apoia agricultores que querem ter o biogás

A iniciativa de Itaipu Binacional para produção de biogás em pequenas propriedades rurais da região oeste do Paraná será replicada no Departamento (Estado) de San Jose, próximo a Montevidéu, no Uruguai.
O Centro Internacional de Energias Renováveis – Biogás (CIBiogás–ER) divulga informações sobre esse tipo de energia e dá apoio para agricultores construírem sua própria usina de energia.
Caso você tenha ficado interessado e queira mais informações sobre o biogás, é só entrar em contato pelo telefone (45) 3576-7465 ou no e-mail cibiogas@cibiogas.org.
* (O jornalista Matheus Lombardi viajou à Foz do Iguaçu a convite da Itaipu Binacional)