Nossos políticos mostram que “Vale Tudo” por um mandato no mundo encantado em que vivem. E se você não gostar, o problema é seu.
Por Claudio Schamis
Tim Maia cantou e encantou com seu vozeirão o seu “Vale Tudo” onde dizia que tudo estava valendo, menos dançar homem com homem nem mulher com mulher. Em 1988, a Rede Globo colocou no ar sua novela “Vale Tudo” onde lá também tudo valia, nesse caso para se dar bem na vida e que culminou com o assassinato mais famoso da televisão: Odete Roitman (Beatriz Segall). Sem deixar de lembrar que “Vale Tudo” é também um torneio de luta que está mais para sinônimo de violência pura, troglodita e sem nexo do que para ser considerado um esporte, mas que para alguns virou o próprio ganha pão. Vai entender!
E como dizem que a vida imita a arte, nossos políticos vieram e mostraram que é isso aí mesmo, “Vale Tudo” no mundo encantado em que vivem. E se você não gostar, o problema é seu. Não deles. E não se fala mais nisso. Como assim não se fala mais nisso? Comigo não.
A fome deles e o medo de ficar de fora da bocada fizeram com que eles aderissem de corpo, alma e sabe-se lá mais o que ao também movimento do “Vale Tudo”. Ainda mais agora em época de eleição. Isso é latente. E isso só fez corroborar o que já sabíamos: que para eles na política antes de qualquer outra coisa com certeza o “Vale Tudo” tem que estar valendo. E está.
O que é uma pena, pois todos nós perdemos. Nós, não eles. Nós perdemos a verdade, o objetivo, a proposta, as ideias, a cara limpa, a ficha limpa.
Na batalha para se eleger eles resolvem que é melhor atacar, e seja de que forma for não importando o tipo de arma que se vai usar. Mas eles procuram usar as mais sórdidas, as mais baixas. Pode ser um dossiê, pode ser também buscar o que se fez no verão passado, irão buscar falhas, falas, conversas, com quem um jantou, com quem o outro almoçou, o que jantou, o que bebeu, quem pagou, como pagou, por que pagou? Irão quebrar o sigilo fiscal de familiares. E tudo isso pra quê?
Para depois chegar descaradamente como fez Lula e dizer que isso tudo é invenção do adversário, pois ele está com medo. Medo? Com medo estou eu de que continue tudo como está. Com medo estou eu que as pessoas não vejam a verdade que está estampada na nossa cara através das manchetes de escândalos que foram produzidos ao longo da Era Lula. Basta que os deslumbrados e adoradores de Lula consigam deixar pelo menos por um instante a foto dele de lado ao ler uma crítica sobre seu governo e em alguns casos mais graves que retirem os “antolhos” metaforicamente falando, para que possam ter uma visão mais ampla do que acontece. E que consigam perceber que podemos ter razão em alguma coisa. Não estou dizendo que quem critica o governo tem 101% de razão. Não sou o dono da verdade. Sou simplesmente um pacato cidadão que está apenas cansado de ver tanta falta de respeito, descaso e afronte.
E de ser ainda obrigado a aguentar o deboche do presidente o que fica demais da conta. Um deboche que virou a marca registrada de alguns momentos de Lula Pop Star. A postura de Lula me incomoda. Não é postura de um presidente. Ele não tem isso. Ele pode ser carismático, idolatrado, adorado, mas isso não é sinônimo de que tenha as características fundamentais de um chefe de uma nação. Por vezes Lula falou o que não devia e não se lembrou que naquele momento ele estava me representando também. Querendo eu ou não. Mas é a vida, né?
Mas podemos mudar o rumo dessa prosa. O momento é esse. Podemos querer pegar outra estrada. Não sei qual estrada, mas não esse que estamos.
Basta de usar o “Vale Tudo” por um mandato. Por um gabinete ou por poder. A dignidade deve vir antes. É muito feia essa maneira que candidatos têm de tentar levar vantagem sobre o outro. Essa disputa deveria se limitar somente ao que cada um pretende e quer fazer. Eles deveriam se mostrar de corpo e alma. De forma honesta, clara e com transparência. Não deveriam também usar o passado de outro candidato e dizer que irão fazer o mesmo que fulano. Que coisa mais sem personalidade. Sem identidade. Sem alma.
É de um candidato com alma que precisamos. Que esteja somente preocupado em mostrar o que ele tem para oferecer. E mais nada. Só que isso é tudo. Mas eles se atrapalham e misturam o tudo com o nada. E o que acaba restando é o nada.
Salvem as baleias. Não jogue lixo no chão. Não fume em ambiente fechado.
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