Para regulamentar o setor, o governo aprovou o Plano Nacional de Resíduos Sólidos. A nova regra vai afetar os produtores, consumidores e também os catadores.
Por Layse Ventura
Caixas de leite espalhadas sobre o lixo, pneu velho largado no quintal, geladeira repleta de alimentos estragados. Do lado de fora da casa se empilham sacolas de plástico que um maltrapilho insiste em abrir, espalhando toda aquela imundice pelo chão.
Parece o retrato de uma sociedade de selvagens, mas esta é a realidade que o brasileiro vive atualmente. No país, cerca de um terço de todos os alimentos comprados é desperdiçado. Junto com eles também são desperdiçadas as embalagens, a energia e a água demandadas para sua produção e transporte.
Na outra ponta desse cenário perverso, catadores dependem do lixo para sobreviver, num mercado clandestino que já movimenta R$ 12 bilhões por ano e sustenta mais de 1 milhão de pessoas. A atividade tem gerado recursos, mas coloca em risco a vida de muitos, com a perigosa exposição a resíduos tóxicos e condições insalubres.
O novo Plano Nacional de Resíduos Sólidos obriga as pessoas a adaptar as práticas cotidianas a uma nova maneira verde de pensar e agir, que busca atingir tanto os produtores e consumidores, como também os catadores. Os ambientalistas resumem este pensamento em 3 R’s: reduzir o consumo, reutilizar o produto e reciclar.
Redução
Reduzir o consumo é o primeiro passo de uma grande jornada. Como 40% do que compramos é lixo, é necessário refletir antes de comprar. Até porque o ato da compra em si é apenas o desfecho do consumo. “Antes dela, temos que decidir o que consumir, por que consumir, como consumir e de quem consumir”, diz o Instituto Akatu.
No Brasil, quase 22 milhões de toneladas de lixo (43%) não tiveram uma destinação correta em 2009, volume suficiente para encher 154 Maracanãs de lixo, e que foram parar em aterros controlados ou lixões. Este tipo de descarte contamina o solo, a água, o ar e também os catadores, que se incorporam às montanhas de lixo.
Reutilizar
Pensando em cada uma destas etapas, o consumo de uma casa pode ser substancialmente reduzido e os resíduos reutilizados. Como 50% dos resíduos produzidos por uma casa são de lixo orgânico, uma das soluções é a compostagem, que consiste em depositar no solo pilhas alternadas de esterco, resíduos orgânicos, folhas etc.
Em grande escala, a matéria orgânica pode gerar energia através da incineração. No Brasil, temos somente uma usina deste tipo, localizada na Ilha do Fundão, no Rio de Janeiro. Após fazer a coleta seletiva de lixo, a USINAVERDE transforma matéria orgânica em energia. A empresa é capaz de gerar aproximadamente 600 kW de energia elétrica por tonelada de lixo tratado.
Já os resíduos sólidos podem ter diversos fins, como a utilização de pneus na fabricação de cimento, a transformação de embalagens descartáveis em aquecedor solar, a utilização de latas para a confecção de antenas de internet e uma lista interminável, sem limites para a criatividade.
Reciclar
Reciclar não é transformar um produto em um subproduto, como por exemplo se utilizar de uma garrafa pet para fazer uma cadeira. Reciclar consiste em transformar um produto usado em novo, como latas de alumínio.
Para poder reciclar, é necessário que exista a coleta seletiva de lixo, mas apenas 405 dos quase 5,6 mil municípios brasileiros faziam a coleta em 2008. Somente um total de 13% do lixo é reciclado nas cidades.
Plano Nacional de Resíduos Sólidos
Com a aprovação do Plano Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) pelo presidente Lula, o lixo passa a ser um problema coletivo, envolve desde os produtores aos consumidores finais e catadores.
Entre as novidades, a nova lei obriga as empresas a receberem de volta material já usado, como pilhas e baterias, embalagens de agrotóxicos, pneus, lâmpadas e produtos eletrônicos e seus componentes, computadores e cartuchos de impressão.
A lei proíbe a criação de lixões, bem como morar, catar lixo ou criar animais em áreas adjacentes a aterros sanitários. A regra determina ainda a proibição de importação de qualquer espécie de lixo e implanta sistemas de coleta de materiais recicláveis nas residências.
Outra solução legalmente viável no Brasil seria a cobrança pelos serviços de coleta. “Tem várias formas de ser fazer essa cobrança, inclusive pela mensuração real do que é descartado, tal como é feito com o consumo da água e do pulso telefônico. É um serviço público que tem que ser custeado por aquele que gera o resíduo, que na verdade é o próprio cidadão”, disse o presidente da Abrelpe, Carlos Silva ao programa Cidades e Soluções.
A principal mudança que o Plano de Resíduos vai gerar deve ser na reciclagem. Isto porque o setor pode se tornar um excelente negócio no Brasil, diminuindo os impactos ambientais, gerando mais trabalho e renda, com reflexos sociais extremamente benéficos.Fonte: http://opiniaoenoticia.com.br/vida/meio-ambiente/da-reducao-de-lixo-a-geracao-de-renda/?optin
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