No Dia Mundial da Osteoporose, endocrinologista lembra dos perigos da doença em crianças e adolescentes
Ao contrário do que se pensa, a osteoporose – doença caracterizada pela fragilidade óssea com maior susceptibilidade a fraturas -, que tem data mundial em 20 de outubro, não é uma doença exclusiva de adultos. A condição é relacionada a fatores genéticos, ambientais e patológicos e também pode ocorrer em adolescentes e crianças. É o que lembra a endocrinologista do Bronstein Medicina Diagnóstica/DASA, Dra. Rosita Fontes.
Diferentemente dos adultos, nos quais o diagnóstico é estabelecido por meio de densitometria óssea, entre as crianças descobrir a doença pode ser um pouco mais complexo. “Neste grupo etário o exame é um dado complementar, mas não indica, por si só, que há osteoporose. Ao revelar uma massa óssea abaixo do esperado para a idade do paciente, a osteoporose só é confirmada diante de dados clínicos compatíveis”, explica a médica.
Dados como o padrão alimentar da criança, por exemplo, história de imobilização prolongada, doenças crônicas, como algumas doenças intestinais que cursam com má absorção, insuficiência renal crônica, algumas doenças reumatológicas, transplantes e tratamentos com corticosteróides, anticonvulsivantes e imunosupressores, assim como outros casos ocorridos na família podem ser relevantes em auxiliar o médico no diagnóstico.
Mas o dado clínico que mais chama a atenção para chegar ao diagnóstico em crianças é a história de fraturas. Quando estas surgem, já é uma evidência de que existe alteração importante nos ossos. No entanto, provavelmente, a doença já vinha se manifestando por vezes até durante anos, de forma silenciosa, uma característica da osteoporose, que não costuma causar dor ou outro sintoma até que uma fratura ocorra.Estas fraturas podem ocorrer espontaneamente ou após um trauma mínimo. “Uma menina de seis anos atendida em nosso serviço, por exemplo, teve uma fratura no tornozelo apenas ao descer um degrau de escada e um adolescente de 13 anos apresentou fratura de um osso da perna, numa bola dividida em um jogo de futebol. Traumas que, normalmente, não levariam a uma fratura óssea”, diz Dra. Rosita.
“Há ainda casos em que não se consegue estabelecer um fator causal, mesmo quando o paciente apresenta um quadro clínico e densitometria óssea compatíveis. Usa-se o termo osteoporose juvenil idiopática para isso”, afirma a especialista.
Os exames laboratoriais também não encerram a questão por si só: podem encontrar-se normais ou estar alterados. Os denominados marcadores de remodelação óssea, que indicam o processo contínuo de formação e reabsorção normais do osso, são de difícil interpretação nesta faixa etária pois durante o crescimento são mais elevados do que os de adultos . Assim, só são valorizados quando estão muito acima do valor de referência indicado para este último.
O paratormônio (PTH) é produzido pelas glândulas paratireóides, responsáveis pela regulação do metabolismo dos ossos. Este hormônio pode estar aumentado por uma alteração destas glândulas, mas isto é raro em crianças. Mais frequentemente, quando encontra-se aumentado nesta faixa etária, deve-se a causas como as referidas acima, o denominado hiperparatireoidismo secundário, podendo ser reversível com o tratamento.
“Em um estudo realizado no laboratório Lâmina, verificamos que 1% dos casos de hiperparatireoidismo ocorreu em menores de 18 anos. Ao extrapolarmos para a população geral, o dado torna-se significativo por ser, geralmente, decorrente de doenças que irão interferir no crescimento e desenvolvimento dessas crianças.”, afirma a endocrinologista.
Ainda nos casos estudados, chamou a atenção que 42% dos jovens apresentavam hipertensão arterial, sendo os que apresentavam os níveis mais elevados de PTH, sugerindo um possível comprometimento dos rins. Dos demais casos, 12% faziam uso de corticosteróides e outros medicamentos imunosupressores, sabidamente causadores de osteoporose e 7,5% de outras medicações que podem causar a doença. Nos demais casos, não foi possível determinar-se a causa ou mais de um fator foi observado.
Existem tratamentos específicos para os casos em que os jovens apresentem osteoporose, com ou sem hiperparatireoidismo. O acompanhamento médico é imprescindível no diagnóstico e no tratamento da doença.
Fonte: http://opiniaoenoticia.com.br/vida/saude/osteoporose-nao-e-exclusividade-de-adultos/?optin
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