quinta-feira, 22 de maio de 2014

22/05 - Dia do Apicultor

O dia do Apicultor e reflexões sobre sustentabilidade


22 de maio é o dia do Apicultor. Esta profissão tão importante precisa ser valorizada no Brasil e receber a devida atenção de todos, pela sua importância ecológica, econômica e na segurança alimentar.
Sempre que falamos em Apicultura lembramos do mel, um produto precioso, cuja receita é também única, elaborada em cada colmeia. O mel é produzido a partir das flores existentes ao redor da colméia, que as abelhas escolhem e comunicam sua localização às companheiras do ninho, que então para lá se dirigem. Na colméia, o  néctar trazido pelas campeiras vai ser transformado em mel pelas outras abelhas, com
um sabor e características especiais de acordo com as flores visitadas. Os apicultores conhecem os méis típicos de sua região, e geralmente as flores que fornecem o nectar para a sua produção.
Em termos de prestação de serviços ambientais, as abelhas são importantes na reprodução de inúmeras espécies de plantas silvestres e cultivadas, através da polinização. Isso acontece porque, voando de flor em flor para a coleta de néctar e  pólen, polinizam as flores, as quais produzem frutos de melhor qualidade. Este papel dos polinizadores na produção de alimentos como frutas, hortaliças e legumes é muito
importante. Por isso, em diversos países desenvolvidos, as colônias de Apis mellifera são utilizadas comercialmente na agricultura, sendo essenciais para a produção de frutos de alta qualidade.
O desaparecimento das abelhas nos Estados Unidos (35% das colônias de Apis mellifera em 2008), ainda não explicado pela ciência, recebeu das autoridades locais uma resposta imediata, com a liberação de verbas (US$ 25,5 milhões em cinco anos para pesquisa,  US$50 milhões para cooperativas, serviços, extensão e educação e US$11,25 milhões para inspeção sanitária) e a adoção de programas para restauração ambiental. A comunidade se uniu em torno de um programa da Campanha Norte Americana de
Proteção aos Polinizadores, que congrega diferentes setores da sociedade civil, com papel político muito importante. Afinal, o valor anual global dos serviços ambientais prestados pelas abelhas na polinização de alimentos para o homem foi estimado em 2008 como sendo de € 153 bilhões, que corresponderam a 9,5% do valor da produção agrícola de alimentos utilizados pelo homem em 20051.
O Brasil tem uma apicultura em desenvolvimento, mas precisamos fortalecê-la mais através de um esforço conjunto para educação popular, conscientização da importância das abelhas, conservação dos recursos naturais e restauração ambiental, por exemplo com o incentivo ao plantio de espécies vegetais com flores para as abelhas, especialmente árvores e jardins.

No nosso país, muitos apicultores criam também abelhas nativas, chamadas de abelhas indígenas sem ferrão ou meliponíneos. Estas abelhas nativas, encontradas por toda parte, atuam na polinização de muitas plantas geralmente cultivadas pelo pequeno agricultor. Muitas espécies produzem mel. Entretanto, este mel é diferente do produzido pelas colônias de Apis mellifera. É mais líquido e considerado muito medicinal. No
momento não pode ser vendido no comércio nem exportado, por ainda não estar regulamentado pelo Ministério da Agricultura.
No Brasil de hoje, onde se expande a agricultura, uma das maiores fontes de recursos financeiros do País, precisamos atuar junto à comunidade rural para desenhar uma paisagem agrícola amigável aos polinizadores, implementar o cooperativismo forte e traçar um plano de ação bem delineado para que possamos preservar e utilizar os serviços ambientais prestados pelas nossas abelhas. Estas ações serão a base para a apicultura sustentável e para a segurança alimentar, através da utilização sustentável de abelhas como polinizadoras.

1Gallai, Nicola; Salles, Jean-Michel; Settele, Josef; Vaissiere, Bernard. 2008. Economic valuation of the
vulnerability of world agriculture confronted with pollinator decline. Ecological Economics, n. 6 8, 8 1 0
– 8 2 1.

Fonte:
Vera Lucia Imperatriz Fonseca (USP), Betina Blochtein (PUCRS), Sidia Witter (FEPAGRO/RS)

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