quinta-feira, 21 de novembro de 2013

América foi povoada por dois grupos, mostra DNA

O DNA de um menino da Sibéria, que morreu aos três ou quatro anos de idade, na fase mais severa da Era do Gelo, pode ser uma das pistas mais importantes para entender como o ser humano colonizou as Américas.

Segundo os cientistas que "leram" seu genoma, o garoto tem semelhanças genéticas tanto com europeus quanto com os indígenas atuais.
E a recíproca é verdadeira. Os pesquisadores calculam que a antiga população à qual o menino pertencia seria responsável por algo entre 15% e 40% da herança genética dos índios. Esse povo misterioso teria se misturado a outro, oriundo do leste da Ásia, para dar origem aos habitantes do continente americano.
Há décadas alguns antropólogos argumentam que o povoamento da América pode ter envolvido dois grupos geneticamente distintos.
Uma das vozes mais importantes desse grupo é o brasileiro Walter Neves, do Laboratório de Estudos Evolutivos Humanos da USP. O principal indício desse fato é a variedade no formato dos crânios dos mais antigos americanos, os paleoíndios --o exemplo mais famoso é "Luzia", fóssil achado em Minas Gerais, com mais de 11 mil anos.
Editoria de arte/Folhapress
SEGUNDA LEVA
Neves e seus colaboradores afirmam que o crânio de Luzia e de outros paleoíndios lembra mais o de aborígines australianos, melanésios e africanos do que o da maioria dos índios atuais, normalmente comparados a grupos do nordeste da Ásia.
A ideia é que a maioria dos ancestrais dos índios modernos teria integrado uma segunda leva migratória, que teria exterminado os paleoíndios ou se misturado a eles.
"Nossos achados não apoiam diretamente o trabalho dos brasileiros", disse Eske Willerslev, biólogo do Museu de História Natural da Dinamarca que coordenou o estudo, publicado na "Nature". "Parte do material genético da criança tem afinidades com grupos do sul da Ásia [região de origem dos paleoíndios, segundo Neves]. Então o artigo se alinha parcialmente à ideia deles."
Neves reagiu com cautela e ironia aos achados. "Eu podia estar comemorando, dizendo 'olha, finalmente alguém fala de herança dual'. Mas vai depender da estabilidade dos trabalhos deles. Se os achados desse tipo continuarem, vou poder dizer que estive certo por 25 anos."
MISTURA
Seria o caso, então, de pensar nos índios atuais como uma mistura de europeus com asiáticos? Não exatamente. Europeus e asiáticos dessa época eram bem diferentes dos de hoje. Eles estavam mais próximos de um padrão genético e morfológico "genérico", resultado da expansão inicial dos humanos modernos da África para o resto do mundo, diz Fabrício Santos, geneticista da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).
"Características mongólicas [a "cara" asiática de alguns índios atuais] teriam sido adquiridas mais tarde a partir de populações do leste asiático", afirma Santos.
Rolando González-José, biólogo do Centro Nacional Patagônico, na Argentina, diz que nem é necessário postular duas "ondas" de migração para entender os dados do genoma do novo estudo.
Ele argumenta que é mais natural pensar que a população "genérica" à qual pertencia o menino teria se diferenciado cada vez mais ao se expandir para os quatro cantos da Ásia e das Américas.


América foi povoada por dois grupos, mostra DNA

O DNA de um menino da Sibéria, que morreu aos três ou quatro anos de idade, na fase mais severa da Era do Gelo, pode ser uma das pistas mais importantes para entender como o ser humano colonizou as Américas.

Segundo os cientistas que "leram" seu genoma, o garoto tem semelhanças genéticas tanto com europeus quanto com os indígenas atuais.
E a recíproca é verdadeira. Os pesquisadores calculam que a antiga população à qual o menino pertencia seria responsável por algo entre 15% e 40% da herança genética dos índios. Esse povo misterioso teria se misturado a outro, oriundo do leste da Ásia, para dar origem aos habitantes do continente americano.
Há décadas alguns antropólogos argumentam que o povoamento da América pode ter envolvido dois grupos geneticamente distintos.
Uma das vozes mais importantes desse grupo é o brasileiro Walter Neves, do Laboratório de Estudos Evolutivos Humanos da USP. O principal indício desse fato é a variedade no formato dos crânios dos mais antigos americanos, os paleoíndios --o exemplo mais famoso é "Luzia", fóssil achado em Minas Gerais, com mais de 11 mil anos.
Editoria de arte/Folhapress
SEGUNDA LEVA
Neves e seus colaboradores afirmam que o crânio de Luzia e de outros paleoíndios lembra mais o de aborígines australianos, melanésios e africanos do que o da maioria dos índios atuais, normalmente comparados a grupos do nordeste da Ásia.
A ideia é que a maioria dos ancestrais dos índios modernos teria integrado uma segunda leva migratória, que teria exterminado os paleoíndios ou se misturado a eles.
"Nossos achados não apoiam diretamente o trabalho dos brasileiros", disse Eske Willerslev, biólogo do Museu de História Natural da Dinamarca que coordenou o estudo, publicado na "Nature". "Parte do material genético da criança tem afinidades com grupos do sul da Ásia [região de origem dos paleoíndios, segundo Neves]. Então o artigo se alinha parcialmente à ideia deles."
Neves reagiu com cautela e ironia aos achados. "Eu podia estar comemorando, dizendo 'olha, finalmente alguém fala de herança dual'. Mas vai depender da estabilidade dos trabalhos deles. Se os achados desse tipo continuarem, vou poder dizer que estive certo por 25 anos."
MISTURA
Seria o caso, então, de pensar nos índios atuais como uma mistura de europeus com asiáticos? Não exatamente. Europeus e asiáticos dessa época eram bem diferentes dos de hoje. Eles estavam mais próximos de um padrão genético e morfológico "genérico", resultado da expansão inicial dos humanos modernos da África para o resto do mundo, diz Fabrício Santos, geneticista da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).
"Características mongólicas [a "cara" asiática de alguns índios atuais] teriam sido adquiridas mais tarde a partir de populações do leste asiático", afirma Santos.
Rolando González-José, biólogo do Centro Nacional Patagônico, na Argentina, diz que nem é necessário postular duas "ondas" de migração para entender os dados do genoma do novo estudo.
Ele argumenta que é mais natural pensar que a população "genérica" à qual pertencia o menino teria se diferenciado cada vez mais ao se expandir para os quatro cantos da Ásia e das Américas.

América foi povoada por dois grupos, mostra DNA

O DNA de um menino da Sibéria, que morreu aos três ou quatro anos de idade, na fase mais severa da Era do Gelo, pode ser uma das pistas mais importantes para entender como o ser humano colonizou as Américas.

Segundo os cientistas que "leram" seu genoma, o garoto tem semelhanças genéticas tanto com europeus quanto com os indígenas atuais.
E a recíproca é verdadeira. Os pesquisadores calculam que a antiga população à qual o menino pertencia seria responsável por algo entre 15% e 40% da herança genética dos índios. Esse povo misterioso teria se misturado a outro, oriundo do leste da Ásia, para dar origem aos habitantes do continente americano.
Há décadas alguns antropólogos argumentam que o povoamento da América pode ter envolvido dois grupos geneticamente distintos.
Uma das vozes mais importantes desse grupo é o brasileiro Walter Neves, do Laboratório de Estudos Evolutivos Humanos da USP. O principal indício desse fato é a variedade no formato dos crânios dos mais antigos americanos, os paleoíndios --o exemplo mais famoso é "Luzia", fóssil achado em Minas Gerais, com mais de 11 mil anos.
Editoria de arte/Folhapress
SEGUNDA LEVA
Neves e seus colaboradores afirmam que o crânio de Luzia e de outros paleoíndios lembra mais o de aborígines australianos, melanésios e africanos do que o da maioria dos índios atuais, normalmente comparados a grupos do nordeste da Ásia.
A ideia é que a maioria dos ancestrais dos índios modernos teria integrado uma segunda leva migratória, que teria exterminado os paleoíndios ou se misturado a eles.
"Nossos achados não apoiam diretamente o trabalho dos brasileiros", disse Eske Willerslev, biólogo do Museu de História Natural da Dinamarca que coordenou o estudo, publicado na "Nature". "Parte do material genético da criança tem afinidades com grupos do sul da Ásia [região de origem dos paleoíndios, segundo Neves]. Então o artigo se alinha parcialmente à ideia deles."
Neves reagiu com cautela e ironia aos achados. "Eu podia estar comemorando, dizendo 'olha, finalmente alguém fala de herança dual'. Mas vai depender da estabilidade dos trabalhos deles. Se os achados desse tipo continuarem, vou poder dizer que estive certo por 25 anos."
MISTURA
Seria o caso, então, de pensar nos índios atuais como uma mistura de europeus com asiáticos? Não exatamente. Europeus e asiáticos dessa época eram bem diferentes dos de hoje. Eles estavam mais próximos de um padrão genético e morfológico "genérico", resultado da expansão inicial dos humanos modernos da África para o resto do mundo, diz Fabrício Santos, geneticista da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).
"Características mongólicas [a "cara" asiática de alguns índios atuais] teriam sido adquiridas mais tarde a partir de populações do leste asiático", afirma Santos.
Rolando González-José, biólogo do Centro Nacional Patagônico, na Argentina, diz que nem é necessário postular duas "ondas" de migração para entender os dados do genoma do novo estudo.
Ele argumenta que é mais natural pensar que a população "genérica" à qual pertencia o menino teria se diferenciado cada vez mais ao se expandir para os quatro cantos da Ásia e das Américas.

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Agricultores geram energia com fezes de animais em parceria com Itaipu

Pequenos agricultores do oeste do Paraná estão gerando energia com dejetos de animais, como porcos e bois. O projeto é patrocinado pela Itaipu Binacional, que administra a usina hidrelétrica na fronteira entre Brasil e Paraguai.
Conhecido como "gás verde", por ter pouco impacto no ambiente, o biogás é uma alternativa mais barata de energia que pode ser gerada em qualquer parte do país.
Uma experiência de sucesso no Brasil vem sendo realizada na cidade de Marechal Cândido Rondon (a 578 km de Curitiba).
Em um condomínio com 33 pequenos produtores rurais, dejetos de porcos e bois são transferidos para biodigestores, para extração do gás metano.
Os biodigestores estão conectados por 22 quilômetros de gasoduto a uma central termelétrica, que abastece com energia as propriedades rurais.
A matéria orgânica residual do biodigestor é transformada em um biofertilizante de alta qualidade, segundo o superintendente de Energias Renováveis da Itaipu Binacional, Cícero Bley.
A empresa patrocina estudos sobre biogás no Brasil e já investiu R$ 12 milhões nos últimos seis anos.
"Quem tem o biogás descobre um poço de petróleo no quintal de casa. Porém, o Brasil está muito atrasado e ainda joga muita energia fora", disse.

Agricultores poderão vender energia

No futuro, toda a energia que for produzida pelos pequenos agricultores do oeste paranaense e não for utilizada poderá ser vendida para a distribuidora de energia do Estado.
"Esse exemplo pode ser replicado em qualquer região do país. Porém, é preciso apoio governamental para o desenvolvimento desse mercado", afirmou Bley.
O biogás é uma fonte de energia renovável permanente, e já possui exemplos de sucesso na Europa. Somente na Alemanha, existem cerca de 6.000 pequenas usinas desse tipo.

Centro apoia agricultores que querem ter o biogás

A iniciativa de Itaipu Binacional para produção de biogás em pequenas propriedades rurais da região oeste do Paraná será replicada no Departamento (Estado) de San Jose, próximo a Montevidéu, no Uruguai.
O Centro Internacional de Energias Renováveis – Biogás (CIBiogás–ER) divulga informações sobre esse tipo de energia e dá apoio para agricultores construírem sua própria usina de energia.
Caso você tenha ficado interessado e queira mais informações sobre o biogás, é só entrar em contato pelo telefone (45) 3576-7465 ou no e-mail cibiogas@cibiogas.org.
* (O jornalista Matheus Lombardi viajou à Foz do Iguaçu a convite da Itaipu Binacional)



terça-feira, 29 de outubro de 2013

Incêndio que causou cachoeira de caramelo já dura 100 horas


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Incêndio em armazém de açúcar provoca cachoeira de caramelo no interior de SP10 fotos

9 / 10
28.out.2013 - Um incêndio que começou na sexta-feira (25) dentro de um armazém de açúcar em Santa Adélia (a 371 km de São Paulo) provocou uma cachoeira de caramelo que ameaça as casas vizinhas ao prédio. Técnicos da Cetesb (Companhia de Tecnologia e Saneamento Ambiental) investigam a possibilidade de contaminação das águas do rio São Domingos Leia mais Jonas Parente/O Regional
Já dura mais de cem horas o incêndio em um depósito de açúcar na cidade de SantaAdélia (a 371 km de São Paulo). O incêndio começou na manhã da última sexta-feira (25) e desde então está mobilizando bombeiros de diversas cidades da região.
A empresa responsável pelo depósito de açúcar, Agrovia, estima que o fogo já tenha destruído entre 25 e 30 mil toneladas de açúcar. 
Técnicos da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) estão acompanhando ações emergenciais para conter o fluxo de açúcar derretido, que pode chegar ao rio São Domingos.
Segundo a Cetesb, cerca de 200 a 300 toneladas de açúcar derretido podem ter sido escoadas para o leito do rio, que nasce em Santa Adélia e corta os municípios de Pindorama, Catanduva, Catiguá e Uchoa.  A Cetesb informou, em nota, que recebeu denúncias da ocorrência de "uma mortandade de peixes" em Catanduva.

VEJA ONDE FICA SANTA ADÉLIA

Um dos técnicos da companhia, José Mário Ferreira de Andrade, explicou que  o xarope não é tóxico, mas que, em função da grande quantidade de material e da excessiva carga orgânica que contém, há diminuição do oxigênio dissolvido na água e pode haver mortandade de peixes nos rios. A nota da Cetesb informa ainda que pelo menos 700 toneladas desse líquido podem ter sido contidas por barreiras improvisadas com terra.
De acordo com a Agência Brasil, o Corpo de Bombeiros de Catanduva informou que está retirando o melaço de açúcar por sucção em caminhões e que foi montada uma barreira de terra na rua César Rosso.

Mães de aluguel na Índia geram dois pares de gêmeos para casal britânico


CReuters
  • Um casal britânico está esperando dois pares de gêmeos, gerados por duas barrigas de aluguel na Índia
    Um casal britânico está esperando dois pares de gêmeos, gerados por duas barrigas de aluguel na Índia
Um casal britânico está esperando dois pares de gêmeos, gerados por duas barrigas de aluguel na Índia.

Os quatro bebês, com nascimento previsto para março, são resultado de um contrato entre o casal e uma clínica em Mumbai que oferece serviços debarriga de aluguel.

O marido, de 35 anos, e a mulher, de 36, não quiseram divulgar nomes. Eles foram à Índia em maio em busca de uma mulher que pudesse gerar seu bebê após terem sofrido dois abortos e passado por vários tratamentos fracassados de reprodução assistida em diversas clínicas da Grã-Bretanha.

Não há dados oficiais, mas de acordo com a advogada Natalie Gamble, especializada no mercado internacional de barrigas de aluguel, centenas de casais britânicos vão à Índia todos os anos em busca deste serviço, que movimenta mais de US$ 1 bilhão (R$ 2,2 bilhões) por ano no país.
Boa Surpresa
Na clínica Corion, em Mumbai, os óvulos da britânica foram fertilizados com espermatozoides do marido, criando embriões que foram implantados em duas mulheres para aumentar as chances de gravidez.

"Nós tínhamos seis embriões e normalmente se usa apenas uma mãe de aluguel. Mas eu pensei: 'quero duas mulheres que vão receber três embriões cada' ", relata o marido.

Um mês mais tarde, a clínica ligou para avisar que uma das mulheres estava grávida de gêmeos. Dias depois, outro telefonema:
"Eles haviam encontrado duas batidas de coração na segunda mulher", recorda a esposa.
O casal não quis divulgar quanto pagou à clínica, mas, em média, um pacote de barriga de aluguel na Índia custa entre US$ 27,5 mil (R$ 60 mil) e US$ 32,5 mil (R$ 70 mil) .

Eles dizem ser gratos às mulheres por estarem gerando seus filhos, mas insistem que não têm intenção de conhecê-las.

"Elas estão nos prestando um serviço. Com quanta regularidade você conversa com seu pedreiro ou seu jardineiro?", indaga a britânica.

O casal não parece temer o desafio de cuidar de quatro bebês de uma só vez e diz ter condições financeiras para educá-los.

O órgão regulador britânico, a Autoridade de Fertilização Humana e Embriologia (HFEA), recomenda a transferência de apenas um embrião em tratamentos de reprodução assistida e alerta para os riscos de gravidez múltipla, como morte prematura, aborto tardio e complicações para a saúde da mãe e do bebê.

Segundo Natalie Gamble, este procedimento não seria permitido na Grã-Bretanha, onde o uso de barrigas de aluguel é regido por regras estritas e o comércio é proibido.

A diretora da clínica na Índia, Kaushal Kadam, insiste que não é prática comum usar duas mães de aluguel para o mesmo casal.

"Geralmente usamos apenas uma mulher, mas há ocasiões em que os casais querem mais", admite.

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Misteriosa estrutura é encontrada por pesquisador na Amazônia

Uma misteriosa estrutura apareceu na Amazônia peruana: uma torre cercada por uma cerca branca. Os cientistas não sabem explicar o que é.
A primeira foi flagrada poucos meses atrás por Troy Alexander, um estudante da pós-graduação na Georgia Tech. Logo depois, encontrou mais três em troncos das árvores da região próxima ao Centro de Pesquisa de Tambopata, no sudeste do Peru.
Ele disse ao Wired.com que as cercas mediam cerca de dois centímetros de diâmetro. Desde então, ele postou fotos em diversos sites para tentar conseguir qualquer informação ou explicação sobre as estruturas.
Até o momento, não recebeu nenhuma informação. Segundo o “Dailymail”Phil Torres, um biólogo de Tambopata, postou um link com fotos semelhantes em uma rede social, igualmente perplexo quanto a sua origem.
O entomologista do Instituto de Pesquisa Tropical SmithsonianWilliam Eberdhard, disse que não tem ideia do que seriam essas estruturas, tampouco do que a criara.
“Eu vi as fotos, e não tenho ideia de qual animal poderia ser responsável pela criação de tal estrutura”, acrescentou ao “Dailymail”Norm Platnick, curador emérito da seção de Aranhas doMuseu Americano de História Natural.
Linda Rayor, da Universidade de Cornell, arriscou que a estrutura poderia ter sido construída por um inseto da família dos crisopídeos, mas assumiu ser apenas uma sugestão e não ter certeza.
Outros, segundo o “Dailymail”, sugeriram que poderia ser um casulo de algum inseto da famíliaUrodidae, que é conhecida por ter casulos em forma de cestas, ou mesmo um casulo incompleto de alguma mariposa da família Bucculatricedae. Enquanto isso, segue o mistério.


terça-feira, 6 de agosto de 2013

Gênero e (des)igualdade na ciência

Todo mundo concorda que não existe sentido no argumento ‘homem é melhor do que mulher’, certo? Se você discorda, nem se dê ao trabalho de ler esse texto. Caso contrário, te convido a pensar comigo em possíveis fatores que levaram a situação da mulher na ciência (mais especificamente na física) nos dias de hoje.
Não sou nenhuma especialista no assunto e para ser sincera nunca tinha parado para pensar seriamente nisso até resolver escrever esse texto, mas sempre que me perguntavam se eu já tinha sofrido algum tipo de preconceito por ser mulher na física, eu sempre respondia prontamente que não. Mas esses dias aconteceu uma situação boba e que já tinha acontecido antes, no entanto a diferença é que dessa vez eu já havia lido um tanto sobre a situação das mulheres na vida acadêmica e estava com isso na minha cabeça e pensei “aaaaaah, era disso que eles estavam falando então!”. Resumindo a história, eu tinha uma reunião e um seminário para assistir, e posteriormente eu iria a um aniversário e não daria tempo de passar em casa. Como qualquer mulher faria, pensei em ir mais bem arrumada e maquiada, mas logo que me troquei e ia sair de casa me senti desconfortável. Pensei, “cara, não dá pra ir assim pra física!”. E foi nesse momento que passou um monte de coisas na minha cabeça para tentar entender porque eu me senti daquela forma. Parece idiota mas acho que tem muito mais coisa por trás e é uma situação mais frequente do que imaginamos. A verdade é que eu acho que é tão comum que nem paramos mais para pensar.
Já aviso que esse texto vai ser longo, mas vou tentar jogar várias ideias que eu li e que pensei sobre o assunto. Possíveis motivos, especulações ou experiências pessoais. Minha intenção não é trazer nenhuma verdade, apenas questionar e fazer com que as pessoas pensem sobre o assunto.
how_it_works
How it works, xkcd
Então vamos começar do começo. A primeira coisa a se pensar é porque já na graduação temos menos mulheres do que homens. O desinteresse das mulheres pela física já aparece desde o colégio e a questão, ao meu ver, é cultural. Muitos pais ainda tem uma visão preconceituosa do que é uma profissão de “mulher” e o que é uma profissão de “homem”.  O acesso das mulheres em instituições de ensino só veio a partir do final do século XIX em grande parte devido ao movimento feminista. Este, foi importante por levantar a questão do posicionamento da mulher na sociedade e voltar a atenção para sua condição como cidadã, independente do gênero. Mas se você for pensar, quantas gerações são necessárias para uma transformação completa de pensamentos e atitudes? A mudança cultural vem aos poucos, mas se pensarmos em um período longo, vemos que a participação das mulheres aumentou significativamente. Por outro lado, o estereótipo de um cientista permanece associado à imagem masculina. A imagem de físico que vem na cabeça de qualquer um é um velhinho descabelado com a língua de fora, ou mais recente, um maluco com vários transtorno obsessivo compulsivo, fobia social, arrogante e homem, vulgo o Sheldon. De qualquer forma é com essa imagem que somos expostos e sem referências femininas na ciência é difícil impulsionar uma mudança. Uma das poucas que ouvimos falar no colégio é a Marie Curie, principalmente porque nessa etapa do aprendizado ficamos presos na ciência de uma época um tanto quanto difícil para a ridícula minoria de mulheres cientistas. Mas pensando nessa questão da imagem do cientista, o que poderíamos fazer para mudar esse panorama? Será que é algo que pode ser feito com a ajuda da mídia ou nas escolas? É algo mais profundo que necessita de uma quebra de paradigma que ainda levará gerações para acontecer?
Figuras importantes na ciência. Quem você reconhece?
Figuras importantes na ciência. Quem você reconhece?
Passando adiante, durante a graduação e pós-graduação entram outros motivos que influenciam a desistência das mulheres uma vez que já foi superada a barreira inicial de preconceito frente a sociedade em uma profissão vista como predominantemente masculina. Colocando em linhas simples um problema complexo, vamos analisar duas possíveis situações. A primeira é a mulher que quer garantir estabilidade financeira antes de ter filhos. Na física você precisa de 4 anos de graduação, 2 anos de mestrado, 4 anos de doutorado e mais uns 4 anos de pós-doutorado, para depois ser capaz de prestar concursos e tornar-se professora/pesquisadora de uma boa universidade. Veja, que esse é o melhor cenário possível, ou seja, a estabilidade só vai vir com 32 anos ou mais (considerando alguém que tenha entrado na faculdade com 18 anos). Agora, mesmo com a estabilidade como a vida profissional é afetada com um filho? Bom, mesmo alguém que tenha um parceiro que ajude, certamente terá suas viagens à congressos reduzidas e seu sono e cansaço podendo afetar sua produtividade. Mas te garanto, que no final ninguém vai ver nada disso e a análise do seu desempenho vai ser rebaixada a um número apenas. Veja, um pai pode estar sujeito as mesmas coisas, de forma que ele também pode ter sua produtividade afetada e vai ser comparado com alguém que não passou pela mesma situação. O que eu quero dizer é que a vida acadêmica é hostil tanto com homens quanto com mulheres que optam por ter uma família. Claro não estou dizendo que não é possível, apenas que é difícil e não existe um suporte para tal.
A segunda situação é a mulher que tem filhos no meio do percurso, isto é, antes de ter um emprego fixo em uma universidade. A vida de bolsas de estudo na pós-graduação não dá direito a muita coisa e seu prazo é fixo, por exemplo, você vai ter 4 anos de bolsa de doutorado não importa o que acontece no meio. Mais uma vez, é como se um filho fosse um peso pra quem escolhe a carreira acadêmica nas vista de toda comunidade (colegas de trabalho, agências de fomento, a universidade, etc ) que vai julgar a produtividade daquela mulher. Ou seja, constituir uma família não é algo natural e sim visto como um obstáculo. O quanto isso afasta as mulheres da profissão? Quantas desistem no meio caminho por conta disso? Quantas deixam de chegar mais longe na profissão por terem se “atrasado” na carreira por conta dos filhos?
Agora vamos supor que você seja uma mulher que tendo consciência de todas essas questões e aceitando tudo isso, conseguiu superar os obstáculos e seguiu em frente na carreira acadêmica. Bom, ainda tem mais porque o conflito não é apenas você contra o mundo. Você tem que superar as próprias barreiras e preconceitos, afinal você ainda assim é parte desse mundo machista e cresceu sob os mesmos paradigmas. Assim, de certa forma acabamos mudando nosso comportamento para buscar aceitação e inclusão no grupo predominantemente masculino. Isso implica tentar se “camuflar” para não chamar atenção para o fato de ser uma exceção naquele meio. Isso mostra o começa do meu texto e porque queremos evitar atenção para o físico. Você quer evitar que duvidem da sua capacidade por atributos físicos ou comentários machistas do tipo “ela só conseguiu isso porque tem peitos”. De certa forma, queremos nos encaixar no estereótipo de cientista bem sucedido – de novo, um velhinho com cabelos brancos – para sermos levadas a sério. Precisamos provar o tempo todo que somos capazes e lidar com o machismo que normalmente está encoberto em “brincadeiras”. Uma piadinha de mau gosto sobre loiras, ou sobre alguma professora ou sobre aquela menina que tirou 10 na prova mas anda de saia curta. Mas é tudo “brincadeira” e perceba que não são apenas os homens que fazem isso com as mulheres, mas elas mesma tendem a concordar e aceitar isso. De qualquer forma, como essa situação transforma como as mulheres naquele meio se veem? Como isso reflete no seu desempenho e confiança? Ela passa a se ver espelhada nesse comentários e com o tempo isso afeta seu comportamento?
Seguindo na carreira acadêmica,existe um ponto que os contatos que você faz e conversas no corredor ou fora da sala de reunião passam a ser determinantes e aí surge uma diferença clara se você é homem ou mulher. Não é algo exclusivo do meio acadêmico mas uma consequência e amostra da sociedade sexista que vivemos. Suponha que você é homem e seu orientador (ou um professor importante) te chame para tomar uma cerveja, ver um jogo de futebol ou jantar depois do trabalho. Normal, né? Agora suponha que você seja mulher e o mesmo aconteça. Estranho, né? O que as outras pessoas vão pensar? Será que vão achar que ele está dando em cima de você ou o contrário? Então, até que ponto, essa exclusão mesmo que involuntária afeta a carreira das mulheres a longo prazo?
Outro ponto, é que mesmo dentro da carreira existe uma hierarquia de áreas. Algumas são predominantemente masculina, outras tem um pouco mais de mulheres. Parece que é um análogo da vida no colégio onde meninas devem gostar de história e meninos devem gostar de matemática. Só que agora, meninas devem gostar de física aplicada e meninos de física teórica (curiosamente estou em um congresso com uma professora e quatro alunas entre 60 pessoas). Enfim, nada mudou. Crescemos e amadurecemos mas os preconceitos e tabus continuam enraizados de alguma forma em nosso comportamento.
Veja que muitos dos exemplos que apontei existem na sociedade em geral e não são exclusivos do meio acadêmico,o que mostra que ainda vivemos em um mundo machista. E não é apenas culpa dos homens, nós mulheres temos esse pensamento de alguma forma em nós devido a nossa formação e a tudo que somos expostas. Acho que o primeiro passo para qualquer mudança é admitir que o problema é real e existe. Sim, os homens agem de maneira diferente com as mulheres dentro da carreira e isso reflete em diversos aspectos que ditam seu sucesso ou fracasso. E sim, nós mulheres em muitos momentos nos colocamos em uma situação submissa. Aceitamos brincadeira e nem sempre nos unimos quando outra mulher sofre algum tipo de julgamento sexista. Acabamos nos acostumando e ficando acomodadas no nosso dia-a-dia porém, indiretamente somos afetas pela falta de confiança, pelos obstáculos e dificuldades, desistindo ao invés de entender os motivos e incitar uma mudança. Meu objetivo com esse texto não é propor soluções imediatas e ações efetivas para uma transformação desse cenário, mas quero mostrar que esse assunto de certa forma é um tabu e não é falado diretamente. Talvez leve gerações para atingirmos uma real igualdade, mas a conscientização do problema é o primeiro passo. Certamente na próxima vez que perguntarem se sofro preconceito na física por ser mulher, minha resposta vai ser mais complicada que apenas um não.
Uma lista de referências sobre a questão das mulheres na ciência e que usei para escrever esse post:


Gênero e (des)igualdade na ciência

Todo mundo concorda que não existe sentido no argumento ‘homem é melhor do que mulher’, certo? Se você discorda, nem se dê ao trabalho de ler esse texto. Caso contrário, te convido a pensar comigo em possíveis fatores que levaram a situação da mulher na ciência (mais especificamente na física) nos dias de hoje.
Não sou nenhuma especialista no assunto e para ser sincera nunca tinha parado para pensar seriamente nisso até resolver escrever esse texto, mas sempre que me perguntavam se eu já tinha sofrido algum tipo de preconceito por ser mulher na física, eu sempre respondia prontamente que não. Mas esses dias aconteceu uma situação boba e que já tinha acontecido antes, no entanto a diferença é que dessa vez eu já havia lido um tanto sobre a situação das mulheres na vida acadêmica e estava com isso na minha cabeça e pensei “aaaaaah, era disso que eles estavam falando então!”. Resumindo a história, eu tinha uma reunião e um seminário para assistir, e posteriormente eu iria a um aniversário e não daria tempo de passar em casa. Como qualquer mulher faria, pensei em ir mais bem arrumada e maquiada, mas logo que me troquei e ia sair de casa me senti desconfortável. Pensei, “cara, não dá pra ir assim pra física!”. E foi nesse momento que passou um monte de coisas na minha cabeça para tentar entender porque eu me senti daquela forma. Parece idiota mas acho que tem muito mais coisa por trás e é uma situação mais frequente do que imaginamos. A verdade é que eu acho que é tão comum que nem paramos mais para pensar.
Já aviso que esse texto vai ser longo, mas vou tentar jogar várias ideias que eu li e que pensei sobre o assunto. Possíveis motivos, especulações ou experiências pessoais. Minha intenção não é trazer nenhuma verdade, apenas questionar e fazer com que as pessoas pensem sobre o assunto.
how_it_works
How it works, xkcd
Então vamos começar do começo. A primeira coisa a se pensar é porque já na graduação temos menos mulheres do que homens. O desinteresse das mulheres pela física já aparece desde o colégio e a questão, ao meu ver, é cultural. Muitos pais ainda tem uma visão preconceituosa do que é uma profissão de “mulher” e o que é uma profissão de “homem”.  O acesso das mulheres em instituições de ensino só veio a partir do final do século XIX em grande parte devido ao movimento feminista. Este, foi importante por levantar a questão do posicionamento da mulher na sociedade e voltar a atenção para sua condição como cidadã, independente do gênero. Mas se você for pensar, quantas gerações são necessárias para uma transformação completa de pensamentos e atitudes? A mudança cultural vem aos poucos, mas se pensarmos em um período longo, vemos que a participação das mulheres aumentou significativamente. Por outro lado, o estereótipo de um cientista permanece associado à imagem masculina. A imagem de físico que vem na cabeça de qualquer um é um velhinho descabelado com a língua de fora, ou mais recente, um maluco com vários transtorno obsessivo compulsivo, fobia social, arrogante e homem, vulgo o Sheldon. De qualquer forma é com essa imagem que somos expostos e sem referências femininas na ciência é difícil impulsionar uma mudança. Uma das poucas que ouvimos falar no colégio é a Marie Curie, principalmente porque nessa etapa do aprendizado ficamos presos na ciência de uma época um tanto quanto difícil para a ridícula minoria de mulheres cientistas. Mas pensando nessa questão da imagem do cientista, o que poderíamos fazer para mudar esse panorama? Será que é algo que pode ser feito com a ajuda da mídia ou nas escolas? É algo mais profundo que necessita de uma quebra de paradigma que ainda levará gerações para acontecer?
Figuras importantes na ciência. Quem você reconhece?
Figuras importantes na ciência. Quem você reconhece?
Passando adiante, durante a graduação e pós-graduação entram outros motivos que influenciam a desistência das mulheres uma vez que já foi superada a barreira inicial de preconceito frente a sociedade em uma profissão vista como predominantemente masculina. Colocando em linhas simples um problema complexo, vamos analisar duas possíveis situações. A primeira é a mulher que quer garantir estabilidade financeira antes de ter filhos. Na física você precisa de 4 anos de graduação, 2 anos de mestrado, 4 anos de doutorado e mais uns 4 anos de pós-doutorado, para depois ser capaz de prestar concursos e tornar-se professora/pesquisadora de uma boa universidade. Veja, que esse é o melhor cenário possível, ou seja, a estabilidade só vai vir com 32 anos ou mais (considerando alguém que tenha entrado na faculdade com 18 anos). Agora, mesmo com a estabilidade como a vida profissional é afetada com um filho? Bom, mesmo alguém que tenha um parceiro que ajude, certamente terá suas viagens à congressos reduzidas e seu sono e cansaço podendo afetar sua produtividade. Mas te garanto, que no final ninguém vai ver nada disso e a análise do seu desempenho vai ser rebaixada a um número apenas. Veja, um pai pode estar sujeito as mesmas coisas, de forma que ele também pode ter sua produtividade afetada e vai ser comparado com alguém que não passou pela mesma situação. O que eu quero dizer é que a vida acadêmica é hostil tanto com homens quanto com mulheres que optam por ter uma família. Claro não estou dizendo que não é possível, apenas que é difícil e não existe um suporte para tal.
A segunda situação é a mulher que tem filhos no meio do percurso, isto é, antes de ter um emprego fixo em uma universidade. A vida de bolsas de estudo na pós-graduação não dá direito a muita coisa e seu prazo é fixo, por exemplo, você vai ter 4 anos de bolsa de doutorado não importa o que acontece no meio. Mais uma vez, é como se um filho fosse um peso pra quem escolhe a carreira acadêmica nas vista de toda comunidade (colegas de trabalho, agências de fomento, a universidade, etc ) que vai julgar a produtividade daquela mulher. Ou seja, constituir uma família não é algo natural e sim visto como um obstáculo. O quanto isso afasta as mulheres da profissão? Quantas desistem no meio caminho por conta disso? Quantas deixam de chegar mais longe na profissão por terem se “atrasado” na carreira por conta dos filhos?
Agora vamos supor que você seja uma mulher que tendo consciência de todas essas questões e aceitando tudo isso, conseguiu superar os obstáculos e seguiu em frente na carreira acadêmica. Bom, ainda tem mais porque o conflito não é apenas você contra o mundo. Você tem que superar as próprias barreiras e preconceitos, afinal você ainda assim é parte desse mundo machista e cresceu sob os mesmos paradigmas. Assim, de certa forma acabamos mudando nosso comportamento para buscar aceitação e inclusão no grupo predominantemente masculino. Isso implica tentar se “camuflar” para não chamar atenção para o fato de ser uma exceção naquele meio. Isso mostra o começa do meu texto e porque queremos evitar atenção para o físico. Você quer evitar que duvidem da sua capacidade por atributos físicos ou comentários machistas do tipo “ela só conseguiu isso porque tem peitos”. De certa forma, queremos nos encaixar no estereótipo de cientista bem sucedido – de novo, um velhinho com cabelos brancos – para sermos levadas a sério. Precisamos provar o tempo todo que somos capazes e lidar com o machismo que normalmente está encoberto em “brincadeiras”. Uma piadinha de mau gosto sobre loiras, ou sobre alguma professora ou sobre aquela menina que tirou 10 na prova mas anda de saia curta. Mas é tudo “brincadeira” e perceba que não são apenas os homens que fazem isso com as mulheres, mas elas mesma tendem a concordar e aceitar isso. De qualquer forma, como essa situação transforma como as mulheres naquele meio se veem? Como isso reflete no seu desempenho e confiança? Ela passa a se ver espelhada nesse comentários e com o tempo isso afeta seu comportamento?
Seguindo na carreira acadêmica,existe um ponto que os contatos que você faz e conversas no corredor ou fora da sala de reunião passam a ser determinantes e aí surge uma diferença clara se você é homem ou mulher. Não é algo exclusivo do meio acadêmico mas uma consequência e amostra da sociedade sexista que vivemos. Suponha que você é homem e seu orientador (ou um professor importante) te chame para tomar uma cerveja, ver um jogo de futebol ou jantar depois do trabalho. Normal, né? Agora suponha que você seja mulher e o mesmo aconteça. Estranho, né? O que as outras pessoas vão pensar? Será que vão achar que ele está dando em cima de você ou o contrário? Então, até que ponto, essa exclusão mesmo que involuntária afeta a carreira das mulheres a longo prazo?
Outro ponto, é que mesmo dentro da carreira existe uma hierarquia de áreas. Algumas são predominantemente masculina, outras tem um pouco mais de mulheres. Parece que é um análogo da vida no colégio onde meninas devem gostar de história e meninos devem gostar de matemática. Só que agora, meninas devem gostar de física aplicada e meninos de física teórica (curiosamente estou em um congresso com uma professora e quatro alunas entre 60 pessoas). Enfim, nada mudou. Crescemos e amadurecemos mas os preconceitos e tabus continuam enraizados de alguma forma em nosso comportamento.
Veja que muitos dos exemplos que apontei existem na sociedade em geral e não são exclusivos do meio acadêmico,o que mostra que ainda vivemos em um mundo machista. E não é apenas culpa dos homens, nós mulheres temos esse pensamento de alguma forma em nós devido a nossa formação e a tudo que somos expostas. Acho que o primeiro passo para qualquer mudança é admitir que o problema é real e existe. Sim, os homens agem de maneira diferente com as mulheres dentro da carreira e isso reflete em diversos aspectos que ditam seu sucesso ou fracasso. E sim, nós mulheres em muitos momentos nos colocamos em uma situação submissa. Aceitamos brincadeira e nem sempre nos unimos quando outra mulher sofre algum tipo de julgamento sexista. Acabamos nos acostumando e ficando acomodadas no nosso dia-a-dia porém, indiretamente somos afetas pela falta de confiança, pelos obstáculos e dificuldades, desistindo ao invés de entender os motivos e incitar uma mudança. Meu objetivo com esse texto não é propor soluções imediatas e ações efetivas para uma transformação desse cenário, mas quero mostrar que esse assunto de certa forma é um tabu e não é falado diretamente. Talvez leve gerações para atingirmos uma real igualdade, mas a conscientização do problema é o primeiro passo. Certamente na próxima vez que perguntarem se sofro preconceito na física por ser mulher, minha resposta vai ser mais complicada que apenas um não.
Uma lista de referências sobre a questão das mulheres na ciência e que usei para escrever esse post:
Fonte: